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Sem remédios e insumos básicos, médica diz que passa plantão 'rezando' para não ter paciente grave

Profissional desabafa e diz que, diante da situação, tem receio de não atendê-lo ou até piorar sua situação. Unidades de saúde de Goiânia sofrem com falta de material; Secretaria nega denúncias.


Por Sílvio Túlio | G1 GO


Uma médica fez um desabafo sobre as condições de trabalho precárias em unidades de saúde de Goiânia. Em meio a denúncias da falta de medicamentos e materiais básicos para atendimento, como seringas e anti-inflamatórios, a profissional, que não quis se identificar, disse que "passa o plantão rezando" para não receber nenhum paciente grave. O receio é não poder atendê-lo da forma correta.

Insumos básicos, como seringas, estão em falta em unidades de saúde de Goiânia (Foto: TV Anhanguera/Reprodução)
Insumos básicos, como seringas, estão em falta em unidades de saúde de Goiânia (Foto: TV Anhanguera/Reprodução)

A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) negou as denúncias.

A declaração foi dada em entrevista à TV Anhanguera. A médica afirmou que, diante da situação, teme piorar a situação dos pacientes ao invés de ajudar no tratamento.

"Eu sinto que, atendendo o paciente, muitas vezes, eu posso estar expondo ele a um risco maior, do que realmente ajudando. Bem complicado. Então assim, eu passo o plantão inteiro rezando pra eu não ter paciente grave. Porque se chegar eu não tenho o que fazer por ele", afirma.

A médica denuncia ainda a falta de insumos básicos para trabalhar e que sem eles é praticamente impossível prestar socorro corretamente a quem procura auxílio, com risco, inclusive, de morte.

"Antibiótico não tem, remédio pra dor não tem. Tá faltando muita coisa. Chega um paciente grave, chocado, que precisa de adrenalina, por exemplo... ainda não aconteceu comigo, mas eu sei que tem colega que deu plantão aqui que não tinha adrenalina, que é uma droga básica pra uma parada cardíaca. Se o paciente tiver que ir embora [morrer], ele vai, não tem como fazer ele voltar", declara.

À TV Anhanguera, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) disse que as denúncias da médica não procedem e alegou que os remédios são distribuídos de acordo com o perfil de atendimento de cada unidade.

O órgão afirmou ainda que há um processo de compra emergencial de medicamentos para normalizar a distribuição e que vai apurar todas as denúncias.

Sem insumos e remédios

A falta de remédios é uma situação que atinge inúmeras unidades de saúde de Goiânia. Uma lista do Distrito Sanitário Noroeste mostra que insumos básicos, como cateter, fios cirúrgicos com agulhas, máscaras, seringas descartáveis, luvas e sondas estão zerados.

Com isso, os Cais dos setores Cândidas de Moraes e Finsoacial, além da Unidade de Pronto Atendimento da Região Noroeste ficam desabastecidos.

Também há déficit de vários medicamentos, como soro, calmante, sedativos e remédios para dor, também estão em falta. Na farmácia do Cais do Setor Vila Nova, por exemplo, neste mês, segundo funcionários, não houve remessa de anti-inflamatórios.

O músico Joaquim Teles esteve na unidade suando frio por causa de pressão alta, mas saiu sem ser medicado. "Mandaram para cá simplesmente para colocar um remédio para pressão alta. Acho que isso deve tem em todo lugar”, desabafa.

No Cais do Bairro Goiá a situação é semelhante. Os próprios funcionários é que corroboram a versão. "Nem corticoide não tem. Não pode nem falar que chegou. Têm 4, 5 ampolas o que é que dá para ajudar?", diz uma delas.

Já uma médica salientou que não é possível fazer o diagnóstico rápido devido à falta de material necessário para a análise.

“O hemograma [exame de sangue] e o EAS [exame de urina], que é o básico do básico, demora 24 horas para ficar pronto. Se o paciente chega aqui com dengue hemorrágica, eu não consigo saber se o paciente está com dengue hemorrágica. Eu tenho que mandar o paciente para casa e retornar no outro dia”, explica.

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